Experiencia: Degustação Miolo – A Evolução do Terroir Brasileiro

Na quarta feira dia 05/08, ocorreu na ABS – Barra a degustação de vinhos da Vinícola Miolo, apresentando o tema A Evolução do Terroir Brasileiro. A apresentação ficou por conta de Adriano Miolo, bisneto do Sr Giuseppe Miolo, imigrante italiano que iniciou a história da vinícola.

Adriano nos explicou que a vinícola Miolo completou 26 anos de existência e é pioneira na busca dos terroirs brasileiros. Seus primeiros vinhedos plantados em espaldeira (sistema vertical) datam de 1996, antes eram plantados no sistema de latada. Hoje são 120 ha plantados no Vale dos Vinhedos – RS e 1200 ha por todo o Brasil. Isso permite produção anual de 12 MM de litros de vinho com uvas 100% próprias.

Além da tradicional Serra Gaúcha, Adriano repassou outros projetos importantes da vinícola, que estão completando 15 anos. Em 2000, iniciou o projeto da Campanha – RS; em 2001, o projeto do Vale do São Francisco – BA e, em 2003, o projeto de Campos de Cima da Serra – RS. Ele também explicou que são necessários entre 8 e 10 anos para que a repetição de bons vinhos possa indicar um bom resultado.

=> Projeto Vale do São Francisco (Paralelo 8 Norte)

É considerado um dos maiores centros mundiais para produção de uva de mesa. Isso fez com que não fosse um negócio muito vantajoso plantar uvas para vinificação e colaborou para que a região não se tornasse um polo vitivinícola. A Região de Clima Tropical faz com que, quando irrigada constantemente, a videira mantenha vegetação constante e não de frutos. A hibernação da videira, para que ela complete seu ciclo, é feita através do corte da irrigação (em climas com estações bem definidas, o inverno é o responsável por essa hibernação). Isso faz com que o produtor estabeleça o período hibernal tendo controle sobre a plantação. Dependendo da divisão dos lotes plantados, pode-se ter colheita todos os meses do ano.

O tempo hibernal da parreira, determinado pelo produtor, é de 30 dias e isso permite ter 2 colheitas por ano.

Quatro países no mundo possuem viticultura tropical: Tailândia, Índia, Venezuela e Brasil.

As uvas tintas que melhor se desenvolveram foram: Mourvedre, Grenache, Tempranillo e a Syrah, esta última sendo a principal. Já a branca mais utilizada é a Moscatel, para os espumantes. Estes são feitos no método Asti e, pela forma de plantio permitir colheitas durante o ano todo, os espumantes que chegam ao mercado são feitos sempre com uvas frescas garantindo um excelente frescor. 

O vinho degustado desta região foi o Testardi Syrah 2013:

Cor: Rubi profundo

Aromas: Ameixa preta, especiarias, chocolate, café

Gustativo: Seco, com acidez, taninos e corpo médios. Toques frutados e de chocolate.

=> Projeto Campos de Cima da Serra

Uma região de altitude (entre 800 e 1050 metros) bem próxima a Santa Catarina. Segundo Adriano, uma das melhores regiões brasileiras para a Pinot Noir, pois é fria, o que propicia o cultivo de uvas de ciclo curto (amadurecem mais cedo). Também é plantada a uva branca Gewürztraminer e, para aumentar sua complexidade aromática, utilizam o fungo da botrites. Como a região é mais fria, a uva botritizada permanece entre 2 e 3 semanas no cacho sem apodrecer.

O vinho degustado dessa região foi RAR Pinot Noir 2013:

Cor: Rubi claro

Aromas: Frutas vermelhas, amora, cereja, e leve toque de baunilha

Gustativo: Seco, com acidez alta, taninos e corpo leves. Toques frutados.

=> Serra Gaucha (Paralelo 29 Sul)

É dividida em micro regiões – Vale dos Vinhedos (Denominação de Origem – DO), Pinto Bandeira, Monte Belo Sul, Altos Montes e Farroupilha.

Adriano nos explicou que, após 100 anos, eles conseguiram aceitar que apenas 3 tipos de vinhos são bons para a região: Espumante clássico (pelo menos 60% de Chardonnay), vinho branco Chardonnay (varietal com mínimo de 85%) e o vinho tinto depende do ano, em safras excepcionais, com a Merlot como carro chefe (se mostrou mais constante).

Os vinhos degustados da região foram o Miolo Millésime Brut 2011 e o Miolo Merlot Terroir 2012 (última safra excepcional para a região). 

Cor: Amarelo esverdeado

Perlage: Duradoura e constante

Aromas: Cítricos, lima e tostado

Gustativo: Seco, com acidez alta, corpo médio e boa untuosidade

Cor: Rubi médio

Aromas: Frutas negras maduras, trufa branca

Gustativo: Seco, com acidez alta, taninos médio. Toques frutados

=> Campanha (paralelo 31 Sul)

Região que tem menos chuva que a Serra Gaúcha (quase metade), inclusive necessitando de irrigação artificial para alguns vinhedos. Fica próxima à fronteira com o Uruguai.

Adriano contou que, de todas as castas testadas, as portuguesas foram as que melhor se adaptaram. Para ele e para o Grupo Miolo, é a melhor região do Brasil para o plantio da Cabernet Sauvignon. 

Os vinhos degustados foram Quinta do Seival Alvarinho 2013, Vinhas velhas tannat 2012 e Sesmarias 2011:

Cor: Amarelo Palha

Aromas: Baunilha, Frutas brancas e amendoas

Gustativo: Seco, com acidez média, corpo médio e toques de madeira

Cor: Púrpura

Aromas: Especiarias, Frutas negras e ervas

Gustativo: Seco, com acidez baixa, taninos altos, corpo médio e  toques frutados.

Cor: Rubi profundo

Aromas: Frutas maduras, florais e café

Gustativo: Seco, com acidez média, taninos médios e encorpado com toques frutados e de couro.

Foram momentos de muito conhecimento sobre o terroir brasileiro e muita diversão. Adriano Miolo é uma pessoa muito simpática e atenciosa e conseguiu, de maneira simples, passar bastante conteúdo. Além disso, fomos agraciados com a degustação de alguns dos ícones da vinícola (Vinhas Velhas Tannat e Sesmarias).

Espero que tenham gostado! Dúvidas, críticas, sugestões podem ser mandadas por email ou nos comentários do post.  Saúde! 🙂

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